
  Apresento abaixo um artigo, intitulado "Pobre Futebol Sergipano", enviado pelo colega Wellington de Santana, retratanto a atual decadência do futebol sergipano, e em particular, do Club Sportivo Sergipe. Vale a pena ler e refletir!
Pobre Futebol Sergipano
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Wellington de Santana - Sócio Torcedor nº 256
wsantanase@ig.com.br
  Clássicos no futebol são jogos realizados por grandes rivais: de torcida, de número de títulos conquistados, de tradição. Em geral, são muito poucos os clássicos jogados no ano: de 2 a 4, a depender da fórmula usual dos campeonatos; reúnem grande número de torcedores, que fazem uma verdadeira festa em estádios cheios. Os clássicos são grandemente esperados por torcedores, por atletas que, nos parece, têm mais vontade de jogar, bem como pelos dirigentes dos Clubes dada a oportunidade de maior faturamento financeiro.
  Foi assim no limiar do futebol profissional, nos idos de 1961/62, quando eu tinha 12/13 anos de idade, reunindo Sergipe X Confiança; e mais adiante, nos anos 70 e 80 entrando também o Itabaiana como grande rival do Confiança e, principalmente, do Sergipe, com memoráveis disputas dentro e fora das quatro linhas. A disputa em campo se dava por conta de jogadores extraordinários, a exemplo de Zé Pequeno, Ailton, Henágio, Rocha, Onça, pelo lado do “derrubador de campeões”; Joãozinho da mangueira, Luiz Carlos bossa nova, Nunes, Tinteiro, pelo “timão do bairro Industrial” e Marcelo, Horácio, Déri, Evangelista, pelo lado do “tremendão da Serra”.
  A disputa extra-campo era algo fora de série envolvendo dirigentes memoráveis, tipo José Queiroz da Costa, Eduardo Abreu, Aerton Silva e Flávio Primo, entre alguns outros, que davam um colorido especial aos jogos e um estímulo complementar ao torcedor para ir ao estádio. Era um tempo quando ainda existia futebol em Sergipe, com craques, evidentemente; e com o torcedor fazendo a festa com bandeiras e charangas, vestido a caráter, tomando aquela cerveja gelada; e sem guerra entre as torcidas; quem ia a estádio de futebol era para torcer.
  Ademais, o torcedor sergipano via os grandes clubes do Brasil jogando por aqui e também os nossos clubes atuando por lá. Quando não era em partidas oficiais (na época existia um verdadeiro campeonato nacional) era em grandes amistosos que enchiam o nosso maior estádio. Paradoxalmente, havia democracia no futebol nos anos de exceção da política brasileira!
  Na ordem geral da vida, tudo tem começo, meio e fim, com mutações com tendências progressistas, sobretudo quando se trata de interesses da humanidade. Mas, o que mudou nesse quase meio século de presença e participação como torcedor do futebol sergipano? Uma coisa, pelo menos, está muito evidente: o futebol sergipano retrocedeu.
  Pois bem, o que vemos hoje, Fevereiro de 2010, em Aracaju de uma população infinitamente maior em relação aos anos 70/80, é se abrir o nosso maior estádio de futebol (que já comportou um público superior a 35 mil pessoas) para a realização do 1º grande clássico do ano envolvendo o Sergipe (supostamente o clube de maior torcida do Estado) e o glorioso Itabaiana, com um público de pouco mais de 300 pessoas. Que vexame, minha gente! Ouvindo os gritos e lamentos dos jogadores entre si, no campo de jogo, tive a sensação de estar assistindo a um amistoso do meu KFB (clube de futebol society do qual participo desde 1981) com o time de Frei Paulo, no campo da Telergipe.
  Do alto dos meus 60 anos de idade - e assíduo freqüentador dos nossos estádios (Sabino Ribeiro, Estadual de Aracaju e Baptistão) - posso assegurar que o que mudou foi a classe de dirigentes do futebol sergipano. O público é aquele mesmo que enche os estádios quando há espetáculo e interesse profissional em jogo. Foi assim em 2008 com o Baptistão lotado nos jogos do Confiança, no Campeonato Brasileiro da Série C. Nosso dirigente, não! Este tem sido muito apegado ao cargo e, pior, sem qualquer criatividade, sem disposição e totalmente desprovido de capacidade administrativa que possa dar alguma contribuição para o engrandecimento do futebol profissional no Estado. Há tempos que o futebol deixou de ser uma simples atividade de lazer, especialmente para os dirigentes. O futebol se tornou uma atividade econômica de peso no mercado, uma vez que seus negócios envolvem bilhões de dólares anuais.
  Portanto, não há mais lugar para improvisos e advinhações. O futebol hoje em dia exige organização, planejamento e estratégia como forma de gestão. Tem que se pensar antecipado para antever dificuldades e oportunidades. Isso não temos visto ainda no futebol sergipano; é sacrilégio pensar assim. Agora mesmo tomamos conhecimento através da imprensa que o Club Sportivo Sergipe dispensou 9 atletas profissionais, após a derrota do último dia 17/Fev para seu rival Itabaiana. Além disso, em apenas um mês de campeonato, o Sergipe já está no terceiro técnico, numa clara demonstração de que não houve o menor planejamento para a temporada.
  Já passou da hora do Conselho Deliberativo do Sergipe (tido ainda, no vigente Estatuto, como o órgão soberano do Clube) assumir um compromisso com os verdadeiros donos do Clube, que são seus torcedores e associados. Usar das atribuições que lhes são conferidas pelo arcaico Estatuto (alínea “a” do art. 38) e decretar a perda do mandato do Presidente e do seu Vice, estabelecendo um prazo para ajustar seu Estatuto aos novos dispositivos legais vigentes e convocar uma eleição direta, onde o sócio se sinta partícipe da vida do Clube.
  Para toda torcida está claro que o Sergipe não tem comando administrativo. Desde 2004 o Clube vem se comportando como um time pequeno, com plantéis medíocres ano após ano, sem qualquer promoção para aumento do quadro de associados, sem presença extra-campo, sem visibilidade, e com gestões administrativas obscuras, eivadas de erros gritantes e elementares para o futebol, com descumprimento de atribuições básicas, com perdas de patrimônio e tantas outras deficiências.
  Não vamos esperar, Senhores Conselheiros, que o glorioso Club Sportivo Sergipe vá disputar o campeonato estadual da 2ª divisão, pois seria muita humilhação para a já sofrida torcida vermelhinha. É importante ressaltar que a alternância do poder, além de ser um belo ingrediente da democracia é bastante salutar para a vida das organizações sociais, políticas e empresariais, que precisam de novas idéias, novos ânimos e novas propostas e diretrizes para a necessária revitalização. É hora de mudança – e a hora é agora.
Pobre Futebol Sergipano
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Wellington de Santana - Sócio Torcedor nº 256
wsantanase@ig.com.br
  Clássicos no futebol são jogos realizados por grandes rivais: de torcida, de número de títulos conquistados, de tradição. Em geral, são muito poucos os clássicos jogados no ano: de 2 a 4, a depender da fórmula usual dos campeonatos; reúnem grande número de torcedores, que fazem uma verdadeira festa em estádios cheios. Os clássicos são grandemente esperados por torcedores, por atletas que, nos parece, têm mais vontade de jogar, bem como pelos dirigentes dos Clubes dada a oportunidade de maior faturamento financeiro.
  Foi assim no limiar do futebol profissional, nos idos de 1961/62, quando eu tinha 12/13 anos de idade, reunindo Sergipe X Confiança; e mais adiante, nos anos 70 e 80 entrando também o Itabaiana como grande rival do Confiança e, principalmente, do Sergipe, com memoráveis disputas dentro e fora das quatro linhas. A disputa em campo se dava por conta de jogadores extraordinários, a exemplo de Zé Pequeno, Ailton, Henágio, Rocha, Onça, pelo lado do “derrubador de campeões”; Joãozinho da mangueira, Luiz Carlos bossa nova, Nunes, Tinteiro, pelo “timão do bairro Industrial” e Marcelo, Horácio, Déri, Evangelista, pelo lado do “tremendão da Serra”.
  A disputa extra-campo era algo fora de série envolvendo dirigentes memoráveis, tipo José Queiroz da Costa, Eduardo Abreu, Aerton Silva e Flávio Primo, entre alguns outros, que davam um colorido especial aos jogos e um estímulo complementar ao torcedor para ir ao estádio. Era um tempo quando ainda existia futebol em Sergipe, com craques, evidentemente; e com o torcedor fazendo a festa com bandeiras e charangas, vestido a caráter, tomando aquela cerveja gelada; e sem guerra entre as torcidas; quem ia a estádio de futebol era para torcer.
  Ademais, o torcedor sergipano via os grandes clubes do Brasil jogando por aqui e também os nossos clubes atuando por lá. Quando não era em partidas oficiais (na época existia um verdadeiro campeonato nacional) era em grandes amistosos que enchiam o nosso maior estádio. Paradoxalmente, havia democracia no futebol nos anos de exceção da política brasileira!
  Na ordem geral da vida, tudo tem começo, meio e fim, com mutações com tendências progressistas, sobretudo quando se trata de interesses da humanidade. Mas, o que mudou nesse quase meio século de presença e participação como torcedor do futebol sergipano? Uma coisa, pelo menos, está muito evidente: o futebol sergipano retrocedeu.
  Pois bem, o que vemos hoje, Fevereiro de 2010, em Aracaju de uma população infinitamente maior em relação aos anos 70/80, é se abrir o nosso maior estádio de futebol (que já comportou um público superior a 35 mil pessoas) para a realização do 1º grande clássico do ano envolvendo o Sergipe (supostamente o clube de maior torcida do Estado) e o glorioso Itabaiana, com um público de pouco mais de 300 pessoas. Que vexame, minha gente! Ouvindo os gritos e lamentos dos jogadores entre si, no campo de jogo, tive a sensação de estar assistindo a um amistoso do meu KFB (clube de futebol society do qual participo desde 1981) com o time de Frei Paulo, no campo da Telergipe.
  Do alto dos meus 60 anos de idade - e assíduo freqüentador dos nossos estádios (Sabino Ribeiro, Estadual de Aracaju e Baptistão) - posso assegurar que o que mudou foi a classe de dirigentes do futebol sergipano. O público é aquele mesmo que enche os estádios quando há espetáculo e interesse profissional em jogo. Foi assim em 2008 com o Baptistão lotado nos jogos do Confiança, no Campeonato Brasileiro da Série C. Nosso dirigente, não! Este tem sido muito apegado ao cargo e, pior, sem qualquer criatividade, sem disposição e totalmente desprovido de capacidade administrativa que possa dar alguma contribuição para o engrandecimento do futebol profissional no Estado. Há tempos que o futebol deixou de ser uma simples atividade de lazer, especialmente para os dirigentes. O futebol se tornou uma atividade econômica de peso no mercado, uma vez que seus negócios envolvem bilhões de dólares anuais.
  Portanto, não há mais lugar para improvisos e advinhações. O futebol hoje em dia exige organização, planejamento e estratégia como forma de gestão. Tem que se pensar antecipado para antever dificuldades e oportunidades. Isso não temos visto ainda no futebol sergipano; é sacrilégio pensar assim. Agora mesmo tomamos conhecimento através da imprensa que o Club Sportivo Sergipe dispensou 9 atletas profissionais, após a derrota do último dia 17/Fev para seu rival Itabaiana. Além disso, em apenas um mês de campeonato, o Sergipe já está no terceiro técnico, numa clara demonstração de que não houve o menor planejamento para a temporada.
  Já passou da hora do Conselho Deliberativo do Sergipe (tido ainda, no vigente Estatuto, como o órgão soberano do Clube) assumir um compromisso com os verdadeiros donos do Clube, que são seus torcedores e associados. Usar das atribuições que lhes são conferidas pelo arcaico Estatuto (alínea “a” do art. 38) e decretar a perda do mandato do Presidente e do seu Vice, estabelecendo um prazo para ajustar seu Estatuto aos novos dispositivos legais vigentes e convocar uma eleição direta, onde o sócio se sinta partícipe da vida do Clube.
  Para toda torcida está claro que o Sergipe não tem comando administrativo. Desde 2004 o Clube vem se comportando como um time pequeno, com plantéis medíocres ano após ano, sem qualquer promoção para aumento do quadro de associados, sem presença extra-campo, sem visibilidade, e com gestões administrativas obscuras, eivadas de erros gritantes e elementares para o futebol, com descumprimento de atribuições básicas, com perdas de patrimônio e tantas outras deficiências.
  Não vamos esperar, Senhores Conselheiros, que o glorioso Club Sportivo Sergipe vá disputar o campeonato estadual da 2ª divisão, pois seria muita humilhação para a já sofrida torcida vermelhinha. É importante ressaltar que a alternância do poder, além de ser um belo ingrediente da democracia é bastante salutar para a vida das organizações sociais, políticas e empresariais, que precisam de novas idéias, novos ânimos e novas propostas e diretrizes para a necessária revitalização. É hora de mudança – e a hora é agora.
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